Entrevista Conversa com o Autor – Rádio MEC AM

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Outro dia dei uma entrevista para a Rádio MEC AM, no programa Conversa com o Autor. No caso, autores. Dividi o papo com a Edna Bueno, sob a mediação da Katy Navarro. Dá para ouvir o programa aqui.

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Assunto poesia

convite relançamento O livro branco e show da Black Bird Band

O LIVRO BRANCO

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Assunto Gerais

Updates

Estou sem postar nada há uns tempos por correria – especialmente a reta final de redação da tese de doutorado.

Mas temos algumas novidades: contrato fechado com a Record para o meu primeiro romance, além de um infantil que está no prelo e deve sair pelo meio do ano por uma editora bacana.

Sim, antecipo o convite: dia 11/04 vai rolar aqui no Rio um evento envolvendo O livro branco e a melhor banda cover deles no Brasil. Detalhes em breve.

[youtube]https://www.youtube.com/watch?v=VYyyQC9E8sU[/youtube]

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by | 29/03/2014 · 13:17

Convite para bate-papo

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Assunto Gerais

Livro novo!

Tive uma tremenda alegria em lançar o novo livro juvenil, O tesouro na sombra da árvore, ao lado de grandes outros autores.

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A ilustradora Lorena Kaz, a organizadora e também autora Cris Amorim, este que vos tecla, Alex Gomes, Cristovam Buarque, Cesar Cardoso, Flávia Côrtes e Laura Bergallo.

o tesouro na sombra

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Assunto Gerais

Convite: papo com Michel Laub

 

Cartaz encontro novembro

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Assunto Gerais

Convite lançamento “O segredo na sombra da árvore” (juvenil, ed. Garamond)

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Assunto Gerais

Cosme e Damião

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É dia de pegar doce!
É brincadeira e é sério.
Tem uma fila grandona
Na porta do Seu Glicério.

Vai lá na Dona Dulcina,
Que é um doce de pessoa.
Vem até baba de moça
Nos saquinhos que ela doa.

Vinte e sete de setembro,
Dia de encher a barriga.
Ai, que saudade, eu me lembro…
Depois, só cárie e lombriga! 

Era hakuna matata
(Antes de Timão e Pumba!).
E vinham muito mais cheios
Os saquinhos da macumba!

Se eu fosse um livre-docente,
Ou se mais moleque fosse,
Largava este poema diet
E corria atrás de doce.

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Assunto poesia

Reality show literário

(crônica publicada no site Vida Breve)

Ilustração: Tiago Silva

Ilustração: Tiago Silva

Após insistentes tentativas do departamento de márquetim (a casa fez pesquisa e descobriu que os leitores gostam das coisas em bom português, daí verteram tudo para a última flor do Lácio, como recebi um fidibequefulano tá no estafe mitim e olha o eslaide do banchimarque) da editora X, o escritor P. V. Cirilo, uma das grandes revelações literárias dos longínquos anos 00 e hoje em franca e previsível decadência do alto dos seus 34 anos, topou participar de um reality show. “Não cedo a pressões do mercado: eu controlo e sou o mercado”, afirmou humildemente em entrevista. “Acredito que a exposição da minha persona literária satisfaça a curiosidade dos leitores, com quem não me importo, mas que também, é bom lembrar, estão sob o meu controle”, encerrou, esboçando um sorriso enquanto ajeitava os imensos óculos escuros, embora estivesse chovendo e em local fechado – e não conta que portasse conjuntivite. Ainda em fase de testes, tivemos acesso ao piloto do projeto, e decidimos revelar em primeira mão o que aconteceu ao longo de um dia naquilo que recebeu o nome provisório de Cirilo dei bai dei.

9h23

Cirilo acorda, senta-se na cama, parece estar com ressaca por ter bebido demais na noite anterior, bebe um copo d’água e volta a dormir.

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10h47

O jovem dá um pulo da cama gritando “Não, primeiro eu!”. Recobrado do recorrente pesadelo no qual concierges de grandes eventos o abandonavam numa sala escura, decide se levantar. Vai para o banheiro.

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11h18

Após as abluções, Cirilo lê os jornais do dia e uma revista em quadrinhos enquanto bebe café.

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12h07

O escritor decide que é hora de trabalhar. Lê e responde e-mails, posta umas frases tiradas aleatoriamente do Dicionário Universal de Citações, e por fim vai para o Word.

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13h31

Empacado numa das primeiras frases, vira o monitor para o lado, imaginando que as câmeras não pegariam, entra num game de matar zumbis. “Preciso de inspiração”, justifica-se.

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15h47

Depois de morrer várias vezes numa fase e xingar demasiadamente, recebe uma ligação do editor perguntando se está tudo bem. Responde que sim, dá um ALT+TAB e volta para o texto.

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16h14

O zoom revela que há uma frase parada perto do fim, aguardando um advérbio.

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16h57

Transtornado, Cirilo dá um soco na mesa porque não encontra um advérbio.

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17h01

Sai do computador e almoça, enquanto assiste a “Teorema”. Larga o prato, corre para o computador e posta “Revendo um Pasolinizinho”. Assim que acaba de comer, cochila.

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17h14

Acorda assustado quando, enfim, alguém fala algo no filme. Instintivamente, muda de canal e assiste a um episódio de série sobre zumbis. “Preciso me inspirar”, diz novamente.

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17h53

“Carai, que roteiro! Que curva dramática! Que coisa humana!”, afirma ao final do episódio. Tomado de entusiasmo, retorna ao texto e escreve duas laudas de uma tacada só.

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20h17

Cirilo apaga metade do que escreveu, dá um soco na mesa e começa a chorar. Toma um remédio de tarja preta.

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20h31

Um amigo o chama no bate-papo. Cirilo vira a tela para o outro lado, certo de que dessa vez não será filmado. Mas é revelado que conversam sobre fofocas literárias, discos voadores e, por fim, o amigo envia um link de um site de gostosas. Cirilo corre para o banheiro.

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20h36

Após prestar tributo a Onan, P.V. Cirilo toma um banho e sai do banheiro relaxado, vestindo um hobby, como se tivesse acabado de nascer. “Estou esgotado, por hoje chega”, fala para a câmera. Pega uma cerveja no frigobar, uns snacks e dá uma zapeada na programação.

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01h48

Cirilo desperta num átimo ao derrubar uma das muitas garrafas vazias. Enquanto vai cambaleando para o quarto, fala que teve uma ideia genial para o novo romance, envolvendo anões, lasers e uma jovem órfã. Dorme.

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Assunto crônica

Liquidando o casamento

(crônica publicada no site Vida Breve)

Ilustração: Tiago Silva

Ilustração: Tiago Silva

 

“Há pessoas que se casam em comunhão de males.”
Verissimo

 Foi uma vez e já faz tempo. Em nenhuma das vezes em que o meu ônibus passava em frente ao cartório eu costumava reparar nele. Talvez por ser aquele lugar um antro de burocracia, coisa da qual a minha mente procurava distância após o trabalho. No entanto, devido a um acidente ocorrido mais a diante, o trânsito deixou de transitar por uns minutos, e pude então fixar os olhos no que se passava lá fora (olhando da janela do ônibus, temos aquela sensação de Deus só porque ficamos um pouco acima, feito passivos observadores). Não sei se aconteceu somente naquele dia ou se era uma prática rotineira, mas pareceu-me esquisito o cartaz na frente do cartório em que dizia

Promoção da semana: casamento

de R$ 279,00 por R$ 99,90

Era espantoso. Não o fato de o desconto ser imenso, mas a extensa fila que se formava. Agentes matrimoniais — que àquela hora passavam a ser também patrimoniais, por assim dizer — instalaram pequenas bancas na calçada oferecendo seus serviços. Pessoas vinham de todas as partes, acompanhadas ou não, de todos os sexos e opções possíveis, interessadas em aproveitar o preço, já que hoje em dia não se pode perder uma liquidação. Os que vinham sozinhos faziam acordo com outros igualmente solitários, formando casais de aparência, que iriam apenas assinar a papelada e depois seguir cada um para seu lado, felizes por terem aproveitado a oferta. A ocasião faz a promoção.

Quando a fila do cartório superou a da lanchonete fast-food que funcionava ao lado, os funcionários (do cartório, obviamente) se deram conta de que atuavam no segmento do fast-marriage. E o tabelião sorria satisfeito enquanto maquinalmente carimbava sua assinatura nas certidões, que formavam pilhas, enquanto o supervisor dava gritos de incentivo à equipe: “Vamos matar essa fila, galera! Atende o próximo! Vamos bater a metaaaaaaaa!”. Uma menina adiantava os processos na fila e anotava os pedidos: 1) comunhão universal de bens, 2) declaração de união estável, 3) separação parcial de bens ou 4) participação final nos aquestros. E já colocavam uma cartolina com as opções, sobre as quais constava “Peça pelo número!” Um casal recém-formado ali na fila perguntou se era possível montarem um combo especial tirando a sogra, que seria o picles da relação.

Ouvi uma mulher dizendo que já era a terceira vez que voltava ali naquela semana, e outro comentando que iria jogar no cartão em dez vezes. Não sei, creio que esse pessoal estava acumulando um tipo de gordura trans. Mas na calçada também havia umas quatro pessoas que se manifestavam contra esse sistema, e creio que deveriam ser meio abstêmios, pois gritavam o que estava escrito nos cartazes: “Casar é desumano, negócio é ser vegano!”. Misturaram tudo, numa confusão só.

Eu estava no ônibus, só de passagem, com a minha então solteirice convicta e ratificada. Para aproveitar o preço baixo de valeria a pena abrir mão das benesses de uma vida desregrada? Como bom estrategista, fiz incontinenti umas contas e concluí que sairia no prejuízo em médio e longo prazos, e preferi não optar pelo saldão. Tão logo o trânsito estivesse limpo e novamente correndo, um dos casais subiu no ônibus, sentando-se no banco à frente do meu. Alguns minutos depois começavam a discutir e até pipocaram tapas, vindos de ambas as partes.

Mas quando o trânsito parou na outra esquina, vi como funcionam as leis de mercado. Uns advogados corriam descalços (mas com ternos) entre os carros, distribuindo seus cartões e gritando “Desquite, separação, divórcio, pensão! É pra acabar e eu ir pra casa!”. E afinal não sei se eram também funcionários do cartório, fazendo — com o perdão do trocadilho — venda casada.

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Assunto crônica