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Author Archives: Henrique
Entrevista para o GloboNews Literatura
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Na Bienal do Livro
Minhas participações na Bienal do Livro:
O país das maravilhas no reino do reverso, com Inés Garland, Silvia Schujer, Luciano Saracino e Henrique Rodrigues. Mediação de Renata Nakano.
Dia 10/09, quinta-feira, no estande da Argentina às 15h.
O próximo da fila: Desejo, projeto e o mundo do trabalho. Transformando o mundo pelo fazer, com Luana Cavalcanti e Henrique Rodrigues. Mediação de Simone Magno.
Dia 11/09, sexta-feira, às 15h, no Cubovoxes (Pavilhão Verde – O11/N12)
Às 16h nesse mesmo dia vou autografar “O próximo da fila” no estande da Record (Pavilhão Azul – E04/F03)
Até lá!
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Adolescente da classe C é protagonista do romance “O próximo da fila”, ambientado em fast-food na década de 90
O autor Henrique Rodrigues, que trabalhou durante três anos em uma das mais famosas lanchonetes do mundo, revisita memórias em seu romance de estreia
Editora Record/ Grupo Editorial Record
Por Juliana Krapp
Enquanto desvenda o microcosmo no interior da lanchonete — com seus tipos humanos, hierarquia, padrões próprios, contradições e afetos —, “O próximo da fila”, que chega às livrarias neste mês de agosto pela Editora Record, elabora um retrato ao mesmo tempo mordaz e lírico do Rio de Janeiro dos anos 1990. Época de hiperinflação e de incerteza econômica, mas também de rap, de criatividade, de rebeldia. E, para os personagens desta história, de descobertas, amores, reviravoltas, sobretudo para o protagonista, que, após a morte do pai, começa a dividir com mãe as responsabilidades da casa.
Ao focar sua narrativa num jovem suburbano e pobre, atado ao itinerário escola-trabalho-casa, o livro se arrisca num percurso original, muito diferente do que tem aparecido no quadro da literatura brasileira contemporânea. O pobre, aqui, não está à margem, mas sim no centro da trama, elaborando uma trajetória vigorosa e singular, desconcertante e irresistível.
Poeta, cronista, contista, organizador de antologias, autor de livros infantis e gestor de projetos de leitura há mais de uma década, o carioca Henrique Rodrigues tem atuado em diversas frentes do meio literário. Em seu primeiro romance, o escritor se aventura na tensão permanente entre memória e invenção: “Com o tempo, a memória prega peças e vai se tornando difusa, ainda mais quando voltamos para um período específico, como os nossos anos de formação. E por isso mesmo, sendo matéria difusa e fluida, é que a memória pode ser inventada, para usar o termo do poeta Manoel de Barros. Revisitei algumas sensações, cheiros, pessoas, frases e ideias que há tempos estavam numa gaveta das lembranças”, conta.
O autor, que em sua adolescência virava carnes na chapa e catava guimbas de cigarro no estacionamento do fast-food, não imaginava que aqueles anos serviriam de insumo para escrever um livro. Agora, com uma carreira consolidada na literatura, ele brinca: “Gostaria muito de poder viajar no tempo, chegar para aquele garoto de 16 anos e dizer: ‘Segue em frente e captura tudo o que está no seu entorno, pois essa vai ser a sua matéria de trabalho’”.
Henrique Rodrigues nasceu em 1975 no Rio de Janeiro e é assessor de Literatura do SESC. Lançou livros para crianças e jovens e participou de várias antologias. Pela Record, publicou A musa diluída (poesia, 2006) e Como se não houvesse amanhã: 20 contos inspirados em músicas da Legião Urbana (contos, 2010). Atualmente, o autor organiza uma antologia de contos inspirados nas canções de Noel Rosa.
O PRÓXIMO DA FILA
HENRIQUE RODRIGUES
Páginas: 192
Preço: R$ 30,00
Imprensa Grupo Editorial Record | Tel.: (21) 2585-2047
Claudia Lamego – claudia.lamego@record.com.br – Gerente de Imprensa
Mariana Moreno – mariana.moreno@record.com.br – Assessora de Imprensa
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Assunto Gerais
No 2 mil toques
Fui convidado a escrever aqui no 2 mil toques sobre minha rotina de escritor. Confesso que fiquei aliviado ao saber que é um site de literatura e não uma megamaratona de exames de próstata. É que, beirando os 40, nos chega toda essa convergência, que é, por natureza, analógica e digital ao mesmo tempo. E cá fico imaginando se teria a mesma dúvida caso o site se chamasse Dois dedos de prosa.
Trocando em miúdos, para mim o tal processo é isso aí de cima: buscar o duplo – quando der, o triplo – sentido das coisas, transformar um pequeno soluço em solução e ir reconstruindo a realidade para que ela fique menos ordinária. Porque o mundo anda denotativo pacas, sabe? Daí que a literatura seja uma forma de tentar deixar o real menos inflexível, porque isso ainda pode nos levar à extinção, ou nos reverter às cavernas, sem nem direito a um platãozinho para fazer alegorias. (Continue aqui)
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Assunto Gerais
Retratos VGA de uns amigos Full HD – parte 4
(crônica publicada no site Vida Breve)
Cassio Loredano – considerado por muitos como o maior caricaturista brasileiro em atividade, consta que até quando está inativo o Loredano é genial. Porque, quando não desenha, está olhando, e isso basta. De olhar meio enviesado, Loredano parece estar sempre atrás dos pontos convergentes das coisas, onde cada objeto do cenário pode saltar ou dar um esbarrão em si mesmo, e taí o motivo do seu clique. Carioca de nascença e perspectiva, seu traço cruzou o mundo e, depois de muitas idas e vindas, hoje é um dos que mais entendem a urbanidade do Rio, que sempre foi feita a lápis e sem borracha. E assim ele dá sentido ao garrancho disso tudo. Da mesma linhagem que J. Carlos, Henfil, Nássara e Millôr, o Loredano entende do riscado assume todo o risco que corre, porque no fundo ele desenha o humor presente na curva dos nossos gestos.
Tatiana Salem Levy – Dotada de um talento de berço, Tatiana logo compreendeu que precisava alimentá-lo com sustância para o resto da vida. E assim foi. Estudou, praticou e, logo no primeiro livro, mostrou a que veio, porque sabe que a vida, tal como é, não é suficiente. É dona de uma prosa segura, mas que logo depois de umas páginas, deixa o leitor bambo e capturado por tramas e texturas urdidas com firmeza. Filha de judeus turcos, nascida durante a ditadura, a Tatiana sacou que a geração X virou um amontoado de lacunas, e tratou logo de preenchê-las com aquilo que melhor define a história: ficção. Ela sabe que estamos sempre querendo voltar para casa. E se ela não existe ou foi demolida, mãos à obra.
Júlia Lima – a Júlia Lima tem um traço fofo, adjetivo que hoje serve para designar todas as virtudes que misturam leveza e desarme numa era de dureza e armações. Também conhecida como “a dona da bolsinha”, cativou um sem-número de admiradores pela rede, curiosos com o que sua autocaricatura carrega. E quem chega mais perto, descobre: ali dentro estamos todos nós, esperando para ser recriados pelo olhar sensível dessa moça. De ilustração para livros infantis a redesenhos de marcas, a Júlia consegue transformar qualquer realidade numa versão pocket, filtrada para deixar no papel apenas o que existe de melhor.
Mariel Reis – o talento do Mariel para as palavras furou o asfalto, o tédio, o nojo e o ódio. Porque tem coisas rotuladas que a sociedade diz, ecoa e tal, mas para elas vale deixar entrar num ouvido e sair pelo outro, sem nem quicar na cuca. Oriundo da Pavuna, subúrbio carioca, o Mariel contraria qualquer tese sociológica de boteco, porque conquistou seu espaço sem pedir cota ou licença: deu a cara e a palavra a tapa. Sem quaquaragem, se revela logo o leitor sofisticado e múltiplo que é: solta um Kafka, dois prousts, um dickens, dois gracilianos e embala pra viagem aqueles três eças ali do balcão. Afiado em narrar, vem afinando cada vez mais o silêncio precioso de quem o lê.
Sergio Leo – jornalista que escreve literatura, sabe a diferença entre o olhar e o fazer. Mas soma as duas habilidades no que têm de melhor, e então parece que o Sergio Leo não para nunca. Ágil e articulado, sabe das notícias e do que está por trás delas, é especialista em relações internacionais. E ensina: fazer relações públicas não é fazer públicas as relações. Com um olho no mundo e outro aqui (tem a percepção meio Cerveró, com a diferença que ambos enxergam pacas), o Sergio Leo também acompanha a bolsa e os bolsos: em livro sobre Eike Batista, prevê que o milionário de araque deve terminar a vida, suando as mangas, numa barraquinha de x-tudo.
Ana Paula Maia – cruel sem cerimônia, a Ana Paula escreve uma cena permeada de assassinato ou escatologia com pinceladas pop, e o leitor passeia por ali meio absorto, como se tocasse um Beethoven ao fundo. Surgiu na internet, explorou as virtualidades mas, como os mais safos da geração, não abandona a tecnologia infalível do livro impresso. A Ana é uma precursora da literatura pulp no Brasil, mas não me arrisco a definir o que seja pulp, embora, quando dizemos pulp, todo mundo saiba exatamente do que se trata. Violenta e tarantina no texto, é dulcíssima no trato, contrariando a expectativa de quem a conhece – felizmente, porque pior seria o contrário.
Eliza Morenno & João Fagerlander – isolados são únicos, mas quando somados se multiplicam. O casal mais poético da literatura contemporânea está por aí, em escolas e eventos literários, entre declamações de clássicos e dramatização de contemporâneos. Quem os conheceu separados sabe que já aprontavam, e a mistura fez com que se tornassem virais e contagiantes. Daí o Poesia Viral que formaram. Quem os vê falando poesia nota logo uma diferença: não nasceram nos karaokês poéticos que versejam por aí, mas cultivaram suas vozes lentamente e com cuidado, porque poesia se decora (no sentido de guardar no coração) é de dentro para fora. (Rimou.) E por isso o mundo os espera, sequioso de poesia que está.
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Assunto crônica
Retratos VGA de uns amigos Full HD – parte 3
(crônica publicada no site Vida Breve)
Angela Dutra de Menezes – em termos de palavrarias, ela é toda trabalhada em redações de jornais e revistas ao longo de décadas. Angela escreve sem gueriguéri, seja na provocação do riso, seja na investida lírica na sua prosa, quando não os dois ao mesmo tempo. Escreveu romance sobre a suposta cura da chatice e da feiura, que desmantelaria toda a indústria da aparência que move o mundo – e os fundos. Ela sabe que, como disse o outro, entre o riso e o choro só existe o nariz. Então lá vai a Angela, cruzando o oceano rumo ao portuga que nos pariu, para dizer bem alto aos lusitanos, sem cerimônia: o Tejo, cara pálida, não é mais belo que o rio da minha aldeia.
Raphael Montes – desde cedo o Raphael aprendeu a correr atrás do sucesso literário. Hoje, ambos frequentam os mesmos lugares e se cumprimentam como velhos conhecidos. Sádico na medida, prodigioso nas tramoias, escreve como quem se diverte e o contrário também, porque compreendeu logo cedo a máxima da sobrevivência: nada em excesso, inclusive a moderação. Certa vez nos esbarramos na Rio Branco e lá estava o Montes, todo sutil, observando a turba, à caça de um perfil que inspirasse uma próxima vítima das suas histórias. Porque ele escreve livros policiais assim, dulcíssimo e semitímido, sem levantar a menor suspeita de ser um gênio do crime.
Suzana Vargas – poeta e ativista na formação de leitores e autores, Suzana sabe que o nó está na falta de caminhos. Para mostrar que são possíveis, ela mesma é um trem, e coordena uma estação por onde todo bom leitor deveria passar. Sem malabarismos e números equestres de quem está só atrás de patrocínio e matrocínio, fala devagar, didática e criteriosa, que o importante é ler e escrever bem, o resto vem depois. Ciente de que não é preciso inventar a roda, mas criar trilhos para elas girarem, Suzana vai promover uma grande oficina literária e mecânica para tentar consertar o país, letra por letra. Demanda há.
André Sant’Anna – e viva os maluco! O André sabe que dirigentes fazem na vida pública o mesmo que na privada. Observa, entre a indignação e a ironia, todos os tropeços da nação. Filho de um grande escritor, não se intimida com a sombra do pai e criou ele mesmo sua voz. E taí, para quem quiser ouvir. Entre um livro e outro, o André atua na publicidade, vez por outra atendendo campanhas políticas. E lá colhe material de sobra para seus escritos, tanto que os esboços saem pelo ladrão, por assim dizer. Bebe coca zero logo de manhã e assim vai ao longo do dia, numa dieta que só seu corpo, cada vez mais esguio e saudável, consegue entender.
Flávia Savary – se existisse uma menina maluquinha, seria a Flávia Savary. Moleca desde sempre, brinca com as palavras como quem tem todo o tempo do mundo para isso. E ela tem. Por isso é que já recebeu mais de 80 prêmios literários mundo afora, e parece que nem chegou na metade ainda. Seja infantil, teatro, livros para adultos, a Flávia vai em prosa e verso como uma metralhadora giratória em cima do leitor, que pede, com todo o prazer, para ser alvejado. E ainda desenha. Pau pra toda obra, essa mulher é um tipo de ser humano que está em vias de extinção: o artista completo. Por definição, é aquele que não para de se aprimorar, ciente da própria incompletude.
Rafael Gallo – De Bauru, Gallo deixou todos chocados com sua escrita. Premiado, foi ovacionado com o primeiro livro e saiu para cantar de galo (também é músico) em outras freguesias, que são o mundo todo. Sem querer estar na crista, vai construindo a duras penas a própria trajetória, porque o talento não eclode da noite para o dia e é resultado de um trabalho constante. Para o Gallo, escrever é pinto, basta uma olhada na sua literatura, trabalhada ela mesma para traduzir enredos complexos em tramas que, para o leitor, fiquem às claras. Gentleman, sabe lidar bem com o texto e com as pessoas. Em suma, um galante.
Felipe Pena – (sem trocadilhos com o item anterior; não foi intencional, pelo menos conscientemente) o Felipe joga nas 11, está no banco e ainda é o técnico de si mesmo. Escritor, jornalista, roteirista, professor e comentarista de culturas, o Pena está em todas, e ainda há espaço na agenda dele. Crítico e afiado, vai no ponto e fala, com toda a educação e polidez que um doutorado em Clarice Lispector lhe deu: não é que o rei esteja nu, estamos todos. E nessa onda é que o Felipe atinge o âmago, sem nunca ser amargo, como ocorre com tantos na área. Mas com toda essa bagagem, bastam três frases de conversa para se constatar que estamos falando com um sujeito movido pelo motor da curiosidade. E assim, sem velar, ele revela.
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Assunto crônica
Retratos VGA de uns amigos Full HD – parte 2
(crônica publicada no site Vida Breve)
Marcos Peres – de Maringá para o mundo, esse cara chegou para elucidar quando confunde e confundir quando se explana. Ciente de que a realidade não passa de um jogo e espelhos côncavos e convexos, faz só reflexão: juntou Borges e Hitler, recebendo logo a admiração de neonazistas que não entenderam nada e o ódio de moralistas semialfabetizados. Atribulado funcionário público e jogador de futebol, parece que sempre acabou de acordar, disfarce perfeito para quem está o tempo todo colhendo ideias e as bifurcando no jardim da cuca. Recebeu um brasão da prefeitura pelos serviços prestados à cultura da cidade, motivo de orgulho da família e de sucessivas trollagens de amigos, num tipo de inveja ariana.
Celina Portocarrero – a Celina é o próprio charme que a traduz. Essa postura régia e britânica é resultado também de muito trabalho vertendo clássicos para a nossa última flor do Lácio, ofício no qual maneja com perfeição cada frase e sentido. Artista do vernáculo, Celina sabe que, pra boa morfologia, meia palavra basta. E por isso vai logo no que interessa: reunir pessoas ao seu redor que comunguem da mesma necessidade de poesia. Ela mesma, vaticinada que só, consegue a rara proeza de fazer um poema de amor sem cafonice e falar da mulher sem virulência, tudo num mesmo verso.
Fred Girauta – quando o Fred nasceu, um anjo torto, desses que pintam o sete, disse: “Vai, cara, ser guache na vida.” Poeta temporão, não tem pressa para as urgências da molecada, e por isso lançou o primeiro livro só depois dos cinquenta. Mas gostou do resultado e já tem outra obra engatilhada para 2036. Quem viver, lerá. Praticante de pingue-pongue e letrista, consegue ser concreto e abstrato ao mesmo tempo, mesmo porque, no fundo, sabe que não existe tanta diferença. Fredão é distraído e todo odara, toca os dias na maciota, sempre em busca do ócio perdido.
Simone Campos – a Simone foi precoce, e já era 32 bits quando o mundo tentava entender o Lotus 1 2 3. Relevada aos 17 anos, ainda com filmes de 36 poses, antecipou o protagonismo dos geeks quando eles eram chamados nerds e CDFs cheios de espinhas e outros termos pejorativos. Hoje é musa geek, faz fidedignos cosplay de personagem de games e escreveu um romance sobre a vontade de fugir disso tudo. Simone sabe que a vida é um jogo, e por isso mesmo é que evita a todo tempo ser gamificada pelo sistema. Pesquisadora, ela mesma é quem dá as cartas e criou seu próprio livro jogo.
Marcelo Moutinho – quando o Marcelo cruzou de Madureira para a Barra da Tijuca não havia ainda a Linha Amarela para facilitar a vida dos suburbanos a fim de uma praia. Por isso, hoje na Zona Sul, sabe que o coração caiu do caminhão da mudança e permaneceu lá, no calçadão, perto da quadra do Império Serrano. Daí que passou a olhar o Rio de Janeiro como esse terreno de conflitos: estar quase nunca é ser, é que se lê nas entrelinhas do trem de suas crônicas e dos contos. O Marcelo escreve da Central a Santa Cruz, mas não nega o ramal de Japeri, porque mais importante que retratar a paisagem mutante lá de fora é observar com apuro os gestos dos passageiros. E se descobrir um deles.
Adriana Lisboa – prosadora de mão cheia, parece que a Adriana sempre deixa a outra vazia e entreaberta. Porque capta com minúcias aqueles silêncios que todo mundo deixa passar. Vegana convicta, aceita e respeita o próximo, mas convém não convidá-la para aniversário no Outback. Vive nos Estados Unidos, de onde vê o Brasil que existe em cada lugar. No bom sentido da palavra, sempre. Cuidadosa e cirurgiã do texto, a Adriana contraria a célebre assertiva do Conde de Buffon, segundo o qual “o estilo é o homem”. E nessa é que respeita o leitor, sem objetivo que não a de contar bem uma boa história. Ao vencer o Prêmio José Saramago, deixou para trás promessas há décadas não cumpridas pela nossa literatura: nunca o Brasil esteve tão perto do Nobel.
Marcelino Freire – esse é o cabra. Diz-se que existem pelo menos cinco Marcelinos atuando agora, simultaneamente, em eventos literários de norte a sul do país. Membro adamantinum do programa de milhagem, quando não existe uma feira que o convide, é porque ela ainda não existe. E vale cada oxente. Generoso com o próximo, já abriu tantas portas para escritores e leitores que pode entrar diretamente em qualquer casa para tomar um café literário. Dá oficinas, palestras e escreve seus próprios livros nos salões de embarque. Saiu de Sertânia, cresceu em Recife e se mudou para São Paulo, capital do capital, onde começou a publicar e agitar a galera. Tendo sido aluno do mestre Yoda Raimundo Carrero, logo matou o pai. De orgulho.
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